ESCOLAS EM TEMPO INTEGRAL ESTIMULAM PROTAGONISMO DOS ESTUDANTES

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Um espaço onde os estudantes são desafiados a descobrir quem eles querem ser, aonde pretendem chegar e quais valores serão instituídos como fundamentais em suas vidas. Assim são as escolas exclusivas de Educação em Tempo Integral (ETI), que têm como uma de suas principais premissas o protagonismo juvenil. No Paraná, as 15 instituições de ensino que funcionam nesse modelo iniciaram o ano letivo em 10 de fevereiro.

Uma delas é o Colégio Estadual João Bettega, em Curitiba, que atende cerca de 400 estudantes, divididos entre Ensino Fundamental (6° ao 9° ano) e Ensino Médio (1ª a 3ª série). Lá o ensino integral é novidade para os alunos e para equipe pedagógica, já que é a primeira vez em que a maioria dos profissionais trabalha com essa modalidade de educação.

Ancorada na chamada “Pedagogia da Presença”, a educação integral propõe ao aluno assumir o papel de protagonista no processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, a escola de tempo integral se baseia no chamado “projeto de vida”, que desafia os estudantes a pensar sobre seus sonhos, os caminhos necessários para atingi-los e qual é o papel da instituição de ensino nesse processo.

“A gente já entendeu que o pilar da ETI é o projeto de vida e que toda a escola deve funcionar em torno desse pilar. Só vamos conseguir mudar a realidade de uma comunidade se tivermos jovens protagonistas”, destaca a diretora do CE João Bettega, Wilma de Souza Alvares. “Enquanto gestão, estamos buscando repensar algumas questões relacionadas ao ensino, pensar um pouco fora da caixa, para que a escola seja um espaço de construção para o aluno, e não a partir da nossa visão, mas a partir daquilo que eles projetam, que eles desejam”, afirma.

Ao professor não cabe apenas atuar com foco na docência, mas de modo a inspirar os estudantes na construção de um mundo melhor. Pedagoga do colégio, Marta Aparecida da Silva explica que a ideia é que todos os docentes sejam também tutores e acompanhem os estudantes durante o cotidiano escolar. Segundo Marta, é papel do professor mostrar ao aluno que ele pode ir além e sonhar mais alto.

“O professor precisa saber a história do aluno para, a partir dessa história, fazer esse aluno prosperar, vencer barreiras”, disse Marta. “E o que é o protagonismo que a escola pretende? Que o aluno termine sua trajetória escolar com êxito. Que ele ingresse no mercado de trabalho, se é algo que ele deseja. Que ele ingresse na escola técnica, se é algo que ele deseja. Que ele ingresse na universidade, se é algo que ele deseja. E às vezes ele deseja pouquinho porque pensa que só pode desejar esse pouquinho”.

DIFERENÇAS

As escolas de ETI funcionam em turno único. São nove aulas por dia, com uma hora de almoço e dois intervalos de 15 minutos, totalizando nove horas diárias e 45 horas semanais. Além das disciplinas do Referencial Curricular do Paraná, são ofertadas semestralmente aos estudantes disciplinas eletivas, também chamadas de “oficinas”.

Essas optativas variam de acordo com as escolas e são elaboradas pelos próprios professores das instituições de ETI. Além de serem interdisciplinares, devem desenvolver as competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC):– conhecimento; pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; responsabilidade e cidadania.

Nas escolas de ETI as salas são separadas por disciplinas e não por turma. São as “salas temáticas”, que buscam desenvolver noções de autonomia e organização nos alunos. Os professores também são divididos em quatro grandes áreas – Linguagens, Matemática, Humanidades e Ciências da Natureza–, com um coordenador por área.

Coordenadora de Matemática no CE João Bettega, a professora Marytta Masseli conta que uma das grandes dificuldades que sentia antes da implantação da ETI na escola era conversar com seus pares. Agora, com a divisão por áreas, o coordenador assume um papel de mediador entre os docentes.

“Vamos ter mais tempo para dialogar sobre a disciplina, sobre o processo de ensino dessa disciplina. Vai ser possível compartilhar mais porque vamos ter um horário de reuniões específicas para isso. Quando se está reunido com seus pares é possível fazer muitas trocas. E o papel do coordenador é, justamente, mediar isso e fazer com que a disciplina caminhe de uma forma bastante coesa”, explica.

HISTÓRIAS DE SUCESSO

Na primeira semana de aula os estudantes das instituições de ensino exclusivas de Educação em Tempo Integral no Paraná foram recepcionados por egressos de escolas do modelo oriundos de diversos estados do País. Um desses jovens é Jefferson Alves, 24 anos. Ele, que é de Recife (PE), quer mostrar aos jovens do Paraná o impacto positivo que as escolas de ETI causam na vida dos estudantes.

“Esse momento de acolhimento é um momento para tentar despertar as melhores habilidades deles, como a capacidade de sonhar e de acreditar em seu potencial. É um marco inicial diferente do ano letivo, em que o foco são as competências para a vida”, disse Jefferson, que atualmente encara a reta final do curso Geologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Esse trabalho em sala é só para plantar uma semente, que deve ser alimentada ao longo do ano pela escola. Foi assim que aconteceu comigo”.

Estudante do 3° ano do Ensino Médio no CE João Bettega, Caroline Morais Medrado, 16 anos, está com altas expectativas em relação ao ano letivo.

“Gostei bastante da proposta das eletivas e do estudo orientado, que vai ajudar muito a gente no Enem e no vestibular. Os jovens protagonistas ‘abriram nossa mente’, amplificaram nossos sonhos e deixaram claro o que nós somos e o que a gente quer para o nosso futuro”, afirma a aluna, citando o apoio que os professores darão aos alunos no estudo diário.

Para o adolescente João Victor de Barros, 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio na mesma escola, o ensino em tempo integral veio para ampliar os horizontes dos alunos. ““A escola de tempo integral está inspirando os jovens e vai guiar a gente para um caminho muito melhor. Mesmo que o projeto possa parecer cansativo e trabalhoso, é o que a gente está precisando””.

 

Via AEN

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