A última edição do Registro Brasileiro de Transplantes, divulgada nesta terça-feira (30), destacou o Paraná como o melhor Estado do país em captação de órgãos. No final do ano passado, na mesma publicação da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Paraná já ocupava o 1° lugar no indicador de desempenho no quesito “transplantes”. Segundo o ex-secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, os dados mostram a verdadeira revolução feita no setor durante nos últimos sete anos e que deu prioridade absoluta à área de transplantes. “Em 2011, pegamos o Estado no humilhante 9° lugar no ranking de doação de órgãos. Algo inadmissível para um Estado como o Paraná. Por isso, tínhamos a obrigação moral de reverter este quadro e colocar o Paraná na posição em que a gente merece”, comemora Michele Caputo.
Conforme o balanço divulgado nesta terça, o Paraná alcançou a taxa de 44,2 doações efetivas por milhão de habitantes. Um crescimento de 426% em relação ao índice de 2010, que foi de 8,4 doações/milhão de habitantes. Frente de todos – Com isso, o Paraná fica muito à frente do segundo colocado que é Santa Catarina (33,7). Em seguida vêm os estados do Ceará (29,7), Acre (24,1), Distrito Federal (23,7), Rio Grande do Sul (23), São Paulo (22,8), Mato Grosso do Sul (16,2), Goiás (15,3) e Roraima (15,3). “Nosso desempenho é comparável aos melhores países do mundo em captações de órgãos”, lembra Michele Caputo. No período, entre janeiro e março/2018, o Paraná registrou 214 transplantes de córneas, 148 de rim – taxa de 52,3, a maior entre os estados, 83 de fígado, um de coração e um de pâncreas. “Hoje, com a divulgação deste resultado, vemos que nossa missão foi exitosa. Tenho muito orgulho de ter deixado a Secretaria com o Paraná em primeiro lugar. Isso tudo salvou milhares de vidas”, ressalta Michele Caputo, que deixou o cargo em abril para ser pré-candidato à deputado estadual. Em sete anos, a fila de espera por um órgão caiu drasticamente no Paraná. Atualmente, 1.207 pessoas aguardam por um transplante no Estado. Em 2010, mais de 3,3 mil pacientes estavam cadastrados nesta lista.
Sistema estadual
Segundo Michele Caputo, o grande diferencial foi o processo de reorganização do sistema estadual de transplantes, tendo em vista a solidariedade do paranaense. “Fizemos de tudo para transformar essa solidariedade das pessoas em vidas salvas. Por isso, investimos pesado na capacitação das equipes e na organização do serviço aeromédico, que agilizou muito o transporte de órgãos e equipes transplantadoras”, explicou. Ao todo, quatro bases de helicóptero foram implantadas em Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. A base de Curitiba também foi reforçada. Além disso, em uma das primeiras ações do então governador Beto Richa, a frota de aviões do Estado foi liberada para ficar à disposição das demandas da saúde. Já são mais de 8 mil missões aéreas, entre transporte de pacientes e órgãos para transplantes. Além dos órgãos, tecidos como a córnea, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões também podem ser doados. Todas as doações são feitas por meio do Sistema Estadual de Transplantes, encarregado pela coordenação e gerenciamento da fila de quem espera por um órgão no Paraná. No Brasil, a doação de órgãos depende do consentimento da família, e é com isso que as comissões de doação de órgãos trabalham dentro dos hospitais. Após a detecção da morte encefálica no paciente, essas equipes são responsáveis pelo processo de acolhimento da família e também da oferta para a doação de órgãos do paciente.