Por: Saulo Schmaedecke e Larissa Santin
Você lembra da história dos estudantes Jennifer, Marcos e Raul? Em outubro do ano passado, na primeira edição do Jornal da CIC, publicamos a reportagem sobre a vitória deles numa competição global da NASA, com mais de 25 mil participantes em 69 países. O prêmio pelo projeto foi uma viagem aos Estados Unidos para acompanhar o dia a dia da agência norte-americana responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas referentes à exploração espacial.
Os estudantes da Escola Arlindo de Carvalho Amorim desenvolveram um dispositivo capaz de receber informações enviadas pelo satélite da NASA sobre focos de incêndio identificados em tempo real, transformando os dados digitais em analógicos de forma que possam ser transmitidos para diversas rádios AM espalhadas pelo país. Batizado de #JunoRadio, o rádio funciona sem nenhum acesso à internet e pode ter sua transmissão para as áreas mais remotas.
O projeto recebeu o primeiro lugar na competição Space Apps Challenge Curitiba, evento que reúne programadores, designers e outros profissionais de todo o mundo, ligados ao desenvolvimento de softwares. O #JunoRadio foi analisado por engenheiros da NASA na etapa mundial e foi finalista no Top 5 Best Mission Concept. O resultado impressionante demonstra a capacidade destes jovens em resolver problemas em escala internacional.
Jennifer Gabriela da Silva Jetka, de 14 anos, Marcos Mateus Garrido de Mello, 15, e Raul Guedes Carlesse, 15, participam do projeto We Are All Smart (WAAS), que faz parte de uma parceria entre o Instituto Robert Bosch e o Instituto Social WAAS. A iniciativa tem o objetivo de despertar em jovens de escolas públicas suas potencialidades para resolver problemas, usando a tecnologia como ferramenta. Eles participam do projeto no co ntra turno escolar e com um ensino inovador, aprendem fundamentos básicos de hardware, software e conhecimentos específicos necessários para a resolução de problemas do seu dia a dia, desenvolvendo habilidades de ideação, gestão de projetos ágil, prototipagem, pensamento fluido e resolução de problemas.
De acordo com Arlete Scheleider, diretora de recursos do Instituto WAAS e uma das voluntárias e idealizadoras do projeto WAAS, o software desenvolvido pelos estudantes será muito importante na prevenção de grandes incêndios. “Antes que o fogo se alastre, as pessoas que estão nestes postos receberão a informação e poderão tomar medidas para evitar que o incêndio tenha grandes proporções, de forma que parte da floresta ou da reserva ambiental seja perdida”, explica.
Ninguém tem futuro pré-determinado e podemos mudar, melhorar nosso destino através do esforço. Os jovens tiveram uma oportunidade mas se não tivessem se esforçado a oportunidade não teria levado eles tão longe
O estudante Raul conta que “Nós descobrimos que existe um programa que envia as coordenadas do local de incêndio por e-mail. Mas como o local pode ser remoto e sem conexão com internet, nós convertemos as coordenadas do e-mail em ondas sonoras, o rádio identifica e mostra na tela do bombeiro as coordenadas do incêndio”.
Além de visitar a agência espacial, os estudantes tiveram um encontro com o vice-prefeito de Orlando, Tony Ortiz, conheceram a área de inovação da cidade e apresentaram soluções para a comunidade de tecnologia CodeForOrlando.
Para o coordenador do Instituto Robert Bosch, Dirceu Puehler esse será um momento único na vida dos adolescentes: “Eles com certeza vão absorver conhecimento e ganhar experiências para a vida”. O jovem Raul vai além: “A melhor parte de você ir para o espaço é ver o quão pequenos somos comparados à imensidão do universo. Esse é o maior sonho da minha vida, não só ir para os Estados Unidos, mas conhecer a NASA”, conta.
O Instituto Robert Bosch, braço social da empresa, é responsável pela gestão das políticas, diretrizes e recursos de projetos sociais e educativos. Ele tem como missão promover a evolução social com foco na educação de crianças e jovens de comunidades em desenvolvimento. Por meio do projeto WAAS, o Instituto busca levar o ensino tecnológico às escolas públicas localizadas próximas a Bosch, de forma que os adolescentes sejam empoderados como agentes transformadores de suas comunidades.
A WAAS atua desde 2015 onde uma rede de educadores “promove o desenvolvimento de habilidades do século XXI em jovens”. Arlete compreende que projetos como o WAAS “mostram que ninguém tem futuro pré-determinado e que podemos mudar, melhorar nosso destino através do esforço. Os jovens tiveram uma oportunidade mas se não tivessem se esforçado a oportunidade não teria levado eles tão longe”.
Para participar você deve ter entre 12 e 18 anos e estar no ensino fundamental ou médio. Sua escola precisa estar inscrita no projeto WAAS também. A seleção é feita por filas com ordem de espera e hoje são cerca de 140 jovens do bairro que aguardam a participação nas oficinas.
http://waas.ninja/