São apenas 23 perguntas. Mas podem ser um apoio para ajudar na identificação de sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa é a proposta do M-chat, teste que a Secretaria Municipal da Saúde começou a levar à casa dos bebês curitibinhas em setembro. O projeto-piloto inclui a expansão da linha de cuidado de atendimento às crianças que precisarem de acompanhamento especializado nessa área.
O M-chat (Modified Checklist for Autism in Toddlers, na sigla em inglês, ou Lista de Verificação Modificada para o Autismo em Crianças) tem perguntas sobre o desenvolvimento e o comportamento dos pequenos. Os primeiros que receberam os questionários foram os pais de bebês entre 18 e 24 meses das Unidades de Saúde Osvaldo Cruz e Barigui, na (CIC). Foram entregues 130 questionários nessa fase piloto do projeto.
A família de Gabriel, de 1 ano e 11 meses, recebeu o teste em casa. A mãe dele, a nutricionista Thays Fornari de Souza Vieira, observou como o garoto age e interage em diversas situações para responder às perguntas. “É importante receber esse apoio técnico. Muitas vezes, as mães ficam em dúvida se as crianças estão se desenvolvendo da forma esperada”, opina a nutricionista, que também é mãe de Sérgio, de 4 anos.
O conjunto das respostas podem dar indícios de que o bebê apresenta riscos para o TEA e, desta forma, permitir que a rede de saúde o encaminhe para o diagnótico e o acompanhamento especializado. Quanto mais cedo o diagnóstico e a oferta de serviços terapêuticos, maior é a melhora das habilidades sociais de uma criança com autismo, explica Joari Stahlschmidt, apoio técnico do Departamento de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde.
Os resultados dos testes serão tabulados. “A partir disso, vamos testar as etapas seguintes do acompanhamento e atendimento para aquelas crianças que tenham algum indício de alteração no seu desenvolvimento” destaca Stahlschmidt.
A intenção do projeto é que até final do ano 2020 M-chat seja ofertado nas 111 Unidades de Saúde de Curitiba para crianças entre 18 e 24 meses, assim como continua sendo implandata a linha de cuidado para o atendimento dos casos que apontem necessidade de maior investigação para o TEA.
A autônoma Jeniffer Maciel, mãe do Nycolas, de 1 ano e 8 meses, conta que nunca tinha ouvido falar do questionário. “Foi fácil responder. Um jeito simples de assegurar a saúde do meu filho”, avalia.
Serviços de apoio à criança com autismo
O M-chat é uma das ações da gestão do prefeito Rafael Greca para ofertar serviços que garantam a intervenção correta para o desenvolvimento das crianças com autismo.
Em março, a Prefeitura fez parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Fundação Autism Speaks e o Instituto Ico Project, no Programa Internacional de Capacitação de Familiares e Cuidadores de Crianças com Atraso no Neurodesenvolvimento e Autismo. O programa está capacitando profissionais que vão, em seguida, ensinar pais e familiares de crianças com autismo a atuar ativamente no desenvolvimento dos filhos.
Atualmente Curitiba conta com o Ambulatório Enccantar, serviço ambulatorial de referência para atendimento de transtornos infantojuvenis. As crianças com autismo são encaminhadas ao serviço pelas Unidades de Saúde. O ambulatório conta com psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistente social e equipe de enfermagem para o atendimento especializado.
Via SMCS