O estudante do Arlindo de Carvalho Amorim disputou uma das 50 vagas com outros 7 mil alunos do Brasil todo.
Por Larissa Santin
Hudson Eduardo da Silva Terra, 17, concluirá o ensino médio em dezembro deste ano. Mas já possui uma história de vida no mínimo impressionante. Aluno da ONG Projeto Vida desde os 9 anos de idade, aos 15 decidiu tornar-se professor voluntário na organização, como forma de retribuir o que havia aprendido.
“Eu sempre fui muito engajado ao trabalho voluntário, sempre gostei muito de ajudar e transformar a vida das pessoas ao meu redor, indiferente da maneira que eu conseguisse.”
Recentemente Hudson formou-se como Assistente de Produção Industrial, em um curso profissionalizante ofertado pelo Instituto Robert Bosch, que atua em diversos projetos voltados à educação de jovens da Cidade Industrial.
Novos Embaixadores
O Jovens Embaixadores é um programa da Embaixada e Consulado dos Estados Unidos, criado em 2002, com o objetivo de beneficiar estudantes brasileiros do ensino médio da rede pública que se destacam em sua comunidade pela atitude positiva, excelência acadêmica, conhecimento da língua inglesa, perfil de liderança e espírito empreendedor. Os alunos selecionados participam de um intercâmbio de três semanas nos Estados Unidos em Missão Diplomática, com todas as despesas pagas.
Hudson aplicou-se para o programa em 2018. Haviam apenas 50 vagas, concorridas entre 17 mil alunos de todo o Brasil. Ele ficou entre os 170 finalistas, mas não chegou à final. Porém, os semifinalistas do programa ganharam uma viagem de uma semana para Brasília (DF), em um programa de imersão cultural, na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
“Eu concorri ano passado ao programa, faltando dois dias para encerrarem as inscrições, me inscrevi e fui seguindo nas provas, passando etapa por etapa. Infelizmente não cheguei à final. Mas a viagem para Brasília foi muito incrível!”
Determinado, o jovem inscreveu-se novamente para o programa em 2019, utilizando seu projeto voluntário de transformação social. Novamente passou etapa por etapa, aplicação, comprovação de documentos, prova escrita na língua inglesa, teste oral na língua inglesa, visita domiciliar, até chegar a semi-final.
“Foi um processo extenso novamente, porém eu me sentia mais preparado para o que eu estava fazendo.”
No dia 30 de outubro o resultado saiu e Hudson descobriu, oficialmente, que era um dos 50 selecionados, entre sete mil jovens no Brasil, para representar a CIC, sua escola, cidade, estado e país em uma Missão Diplomática.
“A real é que, até agora minha ficha não caiu. Eu estou muito feliz e grato. Eu estou muito ansioso para a viagem, serão 3 semanas intensas de aprendizado, vou poder aperfeiçoar meu projeto de iniciação científica e empreendedorismo social.”
Durante a primeira semana, os jovens vão conhecer a capital dos EUA e seus principais monumentos. Participarão de reuniões com organizações do setor público e privado, visitarão escolas e projetos sociais e participarão também, de oficinas sobre liderança e empreendedorismo jovem. Após a semana em Washington, os participantes são divididos em grupos menores e viajam para diferentes estados nos EUA, onde serão recebidos por famílias anfitriãs. Frequentarão aulas em escolas locais, interagindo com a cultura e estudantes americanos da mesma idade, participando de atividades de responsabilidade social e cultural nas comunidades e realizando apresentações sobre o Brasil. Eles embarcam no dia 10 de janeiro de 2020.
Projeto DesintoxicAção
“Eu sempre me dei muito bem e me identifiquei com a matéria de Biologia na escola, no começo do ano, eu comecei a pensar muito em desenvolver algum projeto que envolvesse biologia, mas não fazia a menor ideia do que fazer, compartilhei dessa vontade com minha professora da escola e ela achou legal. Em fevereiro, surgiu a oportunidade de desenvolvermos algum projeto de iniciação científica, e então fui o primeiro a ser chamado pela professora.”, comenta Hudson.
O projeto visa a realização de bioensaios para avaliar a toxicidade do Rio Barigui. Em laboratório, os resultados surgiram, e agora Hudson e outros três amigos estão desenvolvendo um sistema de filtragem, canalização e distribuição da água do rio para criação de hortas comunitárias orgânicas.
“Nos inscrevemos para a “I Feira de Ciências da Fiocruz Paraná” e nosso projeto foi selecionado e ganhamos como o 2° melhor projeto de iniciação científica. Aquilo me deixou muito feliz. E foi com esse projeto que fui selecionado para o programa Jovens Embaixadores.”
Sobre toxicidade no Rio Barigui
Segundo os resultados laboratoriais obtidos no projeto DesintoxicAção, há indícios de toxicidade, principalmente por haver áreas de descarte da rede de saneamento. Como o rio em si é muito extenso, os jovens analisaram somente o perímetro da região do Barigui, e agora buscam uma parceria para descobrir quais elementos tóxicos estão presentes, além dos materiais orgânicos, para tanto é necessário equipamentos mais avançados.
“Eu fico feliz e espero que isso incentive muitos jovens aqui do CIC a buscarem oportunidades. Não é impossível! Eu consegui, outros também podem. É preciso de uma oportunidade para que a transformação/mudança aconteça e eu estou tendo agora!”