Enquanto piso salarial de um professor da educação básica é de R$ 2,8 mil, salário de um parlamentar é de R$ 33,7 mil, fora benefícios; professores brasileiros estão entre os que menos recebem no mundo
Por: Maria Fernanda Garcia / Observatório do Terceiro Setor
O governo federal anunciou, em janeiro, o aumento do piso salarial dos professores da educação básica em início de carreira, de R$ 2.557,74 para R$ 2.888,24.
Este reajuste já estava previsto na Lei do Piso (Lei 11.738), de 2008, que estabelece aumento anual no mês de janeiro.
A lei determina o cálculo base do reajuste na variação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Mesmo com o aumento, o salário dos professores da educação básica está longe do salário que recebem os parlamentares brasileiros. Com um salário de R$ 33.763, eles ainda têm direito a benefícios como a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), que varia entre R$ 30.788,66 e R$ 45.612,53.
Outro benefício é o auxílio-moradia, no valor mensal de R$ 4.253, concedido aos parlamentares que não moram em residências funcionais em Brasília.
O salário dos parlamentares representa 11 vezes o valor já com reajuste dos professores brasileiros. Segundo a pesquisa TALIS, da OCDE, os professores brasileiros têm um dos piores salários do mundo. Entre os 48 países avaliados na pesquisa, o país apresentou os piores salários para seus professores.
Em 2018, 13,5 milhões de brasileiros viviam em situação de extrema pobreza, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2019, divulgada pelo IBGE. Essas pessoas tinham renda mensal per capita inferior a R$ 145, ou U$S 1,90 por dia.
Os dados mostraram também que um em cada quatro brasileiros vive na pobreza. São 52,5 milhões de pessoas nessa situação.