Uma pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) revelou que 46% dos entrevistados, ao serem questionados sobre conteúdos falsos, concordaram com pelo menos uma das fake news sobre as vacinas contra a Covid-19.
As seis frases mentirosas utilizadas pela pesquisa apresentam as seguintes hipóteses:
- É possível se infectar com o coronavírus a partir de vacinas;
- Há tratamentos alternativos tão ou mais eficientes que os imunizantes;
- A vacina modifica o DNA da pessoa;
- A vacina carrega, na verdade, um microchip que será implantado nos indivíduos;
- As vacinas podem causar autismo, provocar câncer ou transmitir HIV;
- As vacinas têm na composição células de fetos abortados e tumores.
Os entrevistados respondiam se concordavam ou discordavam, totalmente ou em parte, com as afirmações listadas. E as inverdade sobre as vacinas alcançaram, assim, a concordância de quase metade deles.
A crença em fake news sobre vacinas está distribuída por todas as regiões do Brasil e por vários grupos sociais, embora seja mais frequente em alguns deles.
O mesmo comportamento também alcança, de maneira semelhante, as pessoas que cursaram até a antiga quarta série do ensino fundamental (54%); em seguida, vem o grupo que, no máximo, concluiu o ensino fundamental (51%).
Mesmo no grupo que concluiu o ensino superior, 32% acreditam em pelo menos uma das frases falsas sobre a vacina. Os boatos alcançaram a adesão de 54% dos entrevistados evangélicos e de 44% dos católicos.
Dos entrevistados com renda mensal familiar de até um salário mínimo, 52% acreditaram em algum boato. Entre quem tem renda familiar superior a cinco salários mínimos, 27% concordam com as notícias falsas.
O Nordeste foi a região com a maior proporção de entrevistados que acreditam nas frases falsas (57%), e o Sudeste, a menor (40%).
No corte por tamanho de município, a desinformação encontra maior eco em cidades de até 50 mil habitantes (49%). Em todo o país, foram entrevistadas 2.002 pessoas face a face de 19 a 23 de fevereiro de 2021.
O nível de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro máxima estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A frase que alcançou maior nível de concordância, 26%, foi “há tratamentos alternativos tão ou mais eficientes que as vacinas contra a Covid-19”.
Vale ressaltar que 24% dos entrevistados responderam que concordavam com a afirmação falsa de que alguns imunizantes contra a Covid-19 podem infectar as pessoas com o coronavírus.
Contudo, esse dado é incorreto, pois ou as vacinas não contêm o vírus ou ele está inativo, assim, ensinam o sistema imunológico a produzir anticorpos para combater o vírus.
A pesquisa destaca que os boatos sobre os imunizantes se intensificaram no segundo semestre de 2020, durante as desavenças políticas relacionadas à vacina CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
O estudo ainda revela que 26% dos brasileiros acreditam totalmente ou em parte que as vacinas contra Covid-19 não são seguras.
E 18% dos entrevistados não se disseram interessados no imunizante: discordaram totalmente ou em parte da afirmação “pretendo tomar a vacina assim que ela for disponibilizada para minha faixa etária”.
Um dos motivos citados por essas pessoas para não se vacinar é a insuficiência de testes dos imunizantes.