Editorial #8
Embora a internet tenha amplificado discursos que até então eram abafados e marginalizados, e aparente ser uma porta-voz da democracia irrestrita, existem diversos grupos que observam com certa desconfiança a proposta libertadora na qual ela vem sido amplamente divulgada.
Com a velocidade e as postagens em ritmo convulsivas, há grande dificuldade em checar informações, fontes, e muitos erros são noticiados gerando consequências, por vezes, lamentáveis. Por outro lado, os recursos tecnológicos, suportados na rede digital, permitem uma imersão e interação do público com o conteúdo que até então eram considerados impossíveis. Há de se pensar, então, em hibridismos e convergências.
Grandes jornais, a partir da expansão do acesso à internet, sentiram um momento de crise. A diminuição da demanda por jornais impressos e a supressão dos investimentos publicitários levou vários jornais a fecharem as portas. Entre 2000 e 2009 foram os anos mais críticos. Os jornais e os jornalistas custaram a aceitar a mudança do meio de propagação. Esse fato fica bastante claro no documentário “Page One – Inside New York Times” sobre como o jornal New York Times enfrentou esse período de adversidade e de que forma os jornalistas encararam as novidades trazidas pela internet.
Acontece que desde 2009, ocorre um movimento de inserção, adaptação, como já havia ocorrido da década de 50 com o advento da televisão. Hoje os jornais possuem plataformas online, para atender esse novo público, mas até a adaptação não excluiu completamente as publicações impressas. Exemplo disso está o jornal mais antigo do Brasil, o
Jornal do Brasil, que após o cancelamento da sua versão impressa, voltou atrás em 2018. Por que? Em contrapartida, os jornais locais obtiveram um crescimento notável de 83% no mesmo período de tempo em que os “jornalões” tiveram queda de 25%.
Para Igor Savenhago, há um paralelo entre esses dados e o processo de globalização: “a globalização da informação impulsiona a revalorização das culturas locais, ao invés de sufocá-las”. Diante desse cenário promissor, cabe aos jornais de bairro transmitir a população notícias de relevância local em formato impresso, apoiado pelo conteúdo transmídia divulgado nas plataformas digitais.
Na edição #8 do Jornal da CIC você acompanha algumas ações do poder público e da sociedade civil que tem impacto para a Cidade Industrial.