MORADORES DA OCUPAÇÃO 29 DE MARÇO PROTESTAM NA BR-376

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Uma manifestação bloqueou o Contorno Sul (BR-376) na tarde de quinta-feira (11) véspera do feriado de 12 de outubro por aproximadamente três horas. Cerca de 100 moradores da comunidade 29 de Março protestaram sobre a desapropriação da terra onde montaram acampamento na semana do dia sete.

Léo Alves, liderança do Movimento Popular por Moradia (MPM) conta que houve truculência por parte da Guarda Municipal de Curitiba (GMC) durante a desapropriação de uma área de 50
metros por 100. De acordo com moradores locais, a GMC agrediu os moradores, destruiu documentos pessoais e jogou fora alimentos das famílias.

Segundo Alves, a comunidade já conseguiu, judicialmente, a posse daquele espaço. A desapropriação ocorreu devido a realocação de cerca de 80 famílias para o terreno ao lado, pertencente ao município. Um dos manifestantes afirma que a mudança ocorreu devido ao espaço reduzido entre as casas, separadas por ruas que medem pouco mais de um metro. A falta de espaço não permite a passagem de carros, ambulâncias, serviços dos correios ou até mesmo a rede de esgoto.

 

EXCESSOS

Após a confusão com a GMC os moradores resolveram protestar bloqueando o km 596 contorno sul (BR-376) e exigindo providências por parte do poder público. Segundo testemunhas, foi por volta das 14h que a GMC chegou ao local, e seguiu disparando balas de borracha contra os manifestantes a fim de liberar a pista. Muitas pessoas foram feridas durante o confronto, entre elas uma mulher grávida, idosos, crianças e até um agente da Polícia Rodoviária Federal, mas sem gravidade.

Na sequência, revoltados pela ação da Guarda, os manifestantes voltaram a fechar a rodovia. Foi necessário muito diálogo entre as partes e somente depois que a GMC recuou os manifestantes se acalmaram com a garantia de que poderiam voltar para o terreno.

O QUE DIZ A PRF

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal deixa claro que “um dos policiais rodoviários federais que estava no Contorno Sul de Curitiba foi atingido na tarde desta quinta-feira (11) por dois disparos de bala de borracha na perna esquerda. Os disparos foram efetuados por guardas municipais de Curitiba. As equipes da PRF presentes no local, que negociavam com os manifestantes a desobstrução da rodovia, não efetuaram nenhum disparo”.

Em nota conjunta emitida no início desta semana, a PRF e a GMC informam que “a situação já foi tratada administrativamente entre os dois órgãos. A GMC estava no local, em apoio à PRF, em razão de a interdição ter se dado em uma rodovia federal, uma decorrência de uma ação de reintegração de posse em um local próximo, executada pela Guarda. O policial envolvido não precisou ser hospitalizado, tampouco necessitará de afastamento de suas atividades profissionais. As instituições reafirmam o compromisso em operar em conjunto nas ações que demandarem, em atendimento à sociedade e a ordem social”.

REGIONAL CIC

O administrador da Regional CIC, Raphael Keiji, conta que a Guarda Municipal agiu dentro da lei, resguardando o patrimônio do município, e que pediu para a GMC não agir com violência na desocupação do espaço, principalmente se houvesse presença de crianças. Segundo a Regional, os policiais foram recebidos com pedras, ofensas e ameaças por parte dos manifestantes, que se recusavam a sair do espaço, sendo então necessária ação ostensiva por parte da GMC. Raphael conta que essa é décima tentativa de ocupação do terreno por parte dos moradores da 29 de março, e que não tem certeza se foi apresentado o documento de reintegração de posse no momento da desocupação, mas confirma que houve uma conversa informal entre a liderança da ocupação e a GMC.

COHAB

Em entrevista, a Cohab esclarece que “propôs para os moradores das ocupações Nova Primavera e 29 de Março atendimento por meio do programa Minha Casa Minha Vida, na modalidade entidades, com o projeto ficando sob a responsabilidade do Movimento Popular por Moradia (MPM). Foram realizadas reuniões da Cohab, envolvendo representante do movimento, dos moradores, da Cohab e da Caixa Econômica”. Porém, “o projeto sequer foi enviado pela entidade, que não mais procurou a COHAB”.

DEFESA SOCIAL

A Defesa Social de Curitiba preferiu não dar entrevistas, mas explica em nota que a Guarda Municipal agiu de acordo com a lei para desocupar a área municipal: ”a GMC desocupou uma área próxima a BR-277, na Rua Victor Grycajuk, na CIC, na tarde desta quinta-feira (11/10). Foram retirados barracos de lona e alguns improvisados de madeira. A invasão começou a ser montada na tarde de quarta-feira (10/10), e, cumprindo a legislação, a Guarda Municipal agiu para desocupar a área municipal. Denúncias de excesso podem ser feitas na ouvidoria da Guarda Municipal que irá apurar os fatos“, diz o documento oficial. O contato com a GMC pode ser realizado pelo número 153.

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