INCÊNDIO AFETA CENTENAS DE FAMÍLIAS NA OCUPAÇÃO 29 DE MARÇO

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As investigações sobre o caso ainda estão em andamento

Por: Larissa Santin e Saulo Schmaedecke

Um incêndio na noite da sexta-feira (7) destruiu centenas de casas nas áreas de ocupação Vila Nova Primavera e 29 de Março, que ficam próximas às moradias Corbélia. Na madrugada anterior ao incêndio o soldado da Polícia Militar, Erick Norio, 28 anos, foi morto por disparos de arma de fogo enquanto atendia uma solicitação de perturbação de sossego na região. O soldado da PM deixa a esposa e um filho de apenas 4 anos.
Antonio Francisco dos Prazeres, 33 anos, confessou o crime e tentou se entregar à polícia na mesma noite em que começou o incêndio, porém, por falta de mandado ou flagrante os policiais não puderam realizar a prisão. Antonio foi preso na terça-feira (11), por policiais militares que o encaminharam para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga os casos.

SUSPEITO DE MATAR PM CONFESSA E É PRESO AGORA PELA MANHÃ

A polícia militar recebeu informações sobre a localização do indivíduo, realizou a prisão e o encaminhou para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Antonio Francisco dos Prazeres confessou ter matado o soldado da PM Erick Norio, na madrugada do dia 7.#JornaldaCIC #Segurança #CIC

Posted by Jornal da CIC on Tuesday, December 11, 2018

Depois de efetuada a prisão, Antonio mudou a versão e segundo o advogado de defesa o acusado foi coagido a assumir o crime.
Outras duas mortes ocorreram entre o momento da morte do PM e o incêndio na ocupação. Trata-se de Pablo Silva Pereira da Hora, 22 anos, e Gabriel Carvalho Maciel, 17, que também estão sendo investigadas.
Na noite do incêndio, a Prefeitura acionou um plano de contingência que envolveu equipes da Defesa Social, Guarda Municipal, Fundação de Ação Social (FAS), Secretaria Municipal da Educação e Secretaria Municipal da Saúde. Durante a madrugada, cerca de 80 pessoas, que tiveram suas casas atingidas pelo incêndio, foram atendidas na Escola Municipal Doutor Hamilton Calderari Leal, onde receberam colchões, cobertores e alimentos.
Equipes da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) e a Rede de Proteção Animal também estiveram no local para prestar assistência às famílias. O Centro de Referência da Assistência Social (Cras) continua aberto para atendimento à população.
Os moradores relataram que sofreram agressões e violações de direitos no tempo em que a polícia atuava na região em busca do suspeito de ter assassinado o PM Erick Norio. Alguns moradores também acusam a PM de ter iniciado o incêndio criminoso na região, que acabou destruindo centenas de casas.
Durante a coletiva de imprensa da Polícia Militar realizada no sábado (8) de manhã, no dia seguinte ao incêndio, o comandante do 23º Batalhão da PM, tenente-coronel Nivaldo Marcelos da Silva, explica que “toda a ação desenvolvida pelas forças de segurança, Polícia Militar e Polícia Civil, foram pautadas dentro da legalidade. Agora, algumas acusações levianas estão chegando ao nosso conhecimento, logicamente, que todos os mecanismos de corregedoria, de investigação, que a própria sociedade tem e que os senhores tem, poderá comprovar ou não o que estamos dizendo aqui.”

https://www.facebook.com/JornaldaCIC/videos/1997639156995673/?eid=ARDzGsfzs9eMwXRTPSBxIGd8dBMP7q3oofEbGPTyWFX_OnyRCGPS2gw4Tqeb8Rk11-03m_wFs_JQYqLM

Na segunda-feira (10), um vídeo enviado por moradores e divulgado pela imprensa mostra dois homens usando coletes balísticos da polícia militar e efetuando disparos na ocupação, na tarde antes do incêndio – as imagens não mostram o alvo dos disparos. Após a divulgação do material e apuração para descobrir quem eram os homens do vídeo (os policiais militares Anderson Lobrigatte e Josue Iris Branco), em nota, a Polícia Militar afirma que “ambos os policiais militares foram identificados, afastados das funções e estão à disposição das investigações, que vão apontar o que houve na Vila Corbélia. Além disso, a PM está colaborando com a Polícia Civil e com o Ministério Público, por meio do GAECO, para a elucidação do caso ocorrido na CIC.”
A PM garantiu ainda que “não compactua com desvios de conduta de seus integrantes e caso sejam comprovadas irregularidades, os canais de saneamento e correição serão aplicados ao rigor da lei.” A polícia militar, no entanto, a partir das novas evidências, não mais descarta a hipótese da participação de membros da corporação em ações criminosas relatadas pelos moradores, como invasões em residências sem autorização do morador ou mandado, agressões e até mesmo o próprio incêndio, em desacordo com o comando.

VÍDEO MOSTRA HOMENS ATIRANDO NA 29 DE MARÇO

Polícia Militar comenta o caso e não descarta a possibilidade de membros da própria corporação terem participação nas ações criminosas, em desacordo com o Comando. #JornaldaCIC #Segurança #CIC

Posted by Jornal da CIC on Tuesday, December 11, 2018

O Corpo de Bombeiros calcula que aproximadamente 300 residências foram queimadas numa região de 10 mil m². As chamas podiam ser vistas do Terminal Portão, que fica a uma distância de quase 10km. Durante o trabalho, um dos caminhões do Corpo de Bombeiros teve sua janela rachada, devido à um pedrada desferida por um popular. A causa do incêndio ainda é desconhecida e um inquérito foi aberto para esclarecer a origem do fogo. As investigações estão sendo lideradas pela Delegacia de Explosivos Armas e Munições (DEAM).

Poder público

Uma audiência pública, promovida pelos vereadores professora Josete (PT) e Goura Nataraj (PDT), que ocorreu na Câmara Municipal, teve como tema “Direito à moradia, direitos humanos e a realidade no município de Curitiba”. A iniciativa propõe debater a situação dos moradores das ocupações da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), especialmente das famílias das ocupações atingidas pelo incêndio.

Solidariedade

Diante do cenário trágico, diversos setores da sociedade se organizaram para ajudar as famílias afetadas. ONGs da região receberam pessoas e doações, moradores realizaram mutirões para busca e entrega de doações no local.
A União Paranaese dos Estudantes realizou uma campanha em conjunto com Um Baile Bom onde trocava doações por ingressos. Centenas de doações foram encaminhadas até a UPE e a CEU, a Casa do Estudante Universitário. Um caminhão da ONG Anjos levou grande parte das doações que estavam paradas no centro da cidade, aguardando transporte até a CIC.
A ONG Teto Brasil construiu na 29 de Março uma sede comunitária que reúne as arrecadações e está em campanha para a construção de 150 casas. Para isso, a ONG busca reunir 775 mil reais em doações, e informa que o projeto só será financiado se pelo menos R$ 100.800 forem arrecadados até 27/01/2019.

 

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