PERMACULTURA: UM SISTEMA À PROCURA DA SUSTENTABILIDADE

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Método procura entender e mudar a relação individual com o meio ambiente

Colaborou Fernanda Menuci

Entender o papel individual de cada um no sistema e como suas ações estão correlacionadas à degradação do meio ambiente é o primeiro passo tomar decisões conscientes. Mudar os hábitos e repensar suas ações individuais para torna-las menos impactantes (ou tornar esse impacto positivo) é o ponto chave do movimento da permacultura: cultura de planejamento que visa criar e manter ambientes humanos sustentáveis, financeiramente viáveis e socialmente justos.

A prática da permacultura baseia-se em três princípios éticos: cuidar da terra, das pessoas e do futuro. Fábio Remuszka, permacultor do Estúdio Ecoa, empresa de engenharia, arquitetura e design, descreve a prática como método de perceber os sistemas que cercam a sociedade, sejam eles de natureza humana (sistema financeiro) e os sistemas naturais (como o clima, por exemplo), e entendê-los.

“Quando você consegue entender em quais sistemas está inserido e em quais está atuando, participando e seu papel nele, você consegue ser um ser atuante no seu ciclo. Só entendendo isso você pode procurar a tal sustentabilidade”

A permacultura se serve de conceitos como uso integral de potenciais, desperdício zero e utilização de recursos renováveis, com modos criativos de gerar sustentabilidade em todas as áreas possíveis. Suas aplicações vão desde construções até práticas simples do dia-a-dia, que podem ser modificadas. Fábio, que é permacultor e horticultor, trabalha visando soluções menos impactantes ao meio ambiente, sempre com a maximização de ideias para otimização dos recursos. “Um exemplo é o uso de materiais. Existem os que são mais biodegradáveis (os amigos do meio ambiente) e materiais mais tóxicos. Entre eles, a grande diferença geralmente é a durabilidade. Então quando pensamos em projetos ou produto, procuramos usar materiais que agridam menos em maneira geral o meio ambiente”, conta Fábio.

A prática busca também inspiração em conhecimentos ancestrais, visando torná-los atuais. São usados, segundo Fábio, técnicas de construção com barro, técnicas de cultivos agrícolas, tratamentos de água, armazenagem de alimento e uma busca incessante pelo menor gasto de energia. Foi nesses conhecimentos que se inspirou Eduarda Guimarães para criar e mobiliar seu hostel. Logo ao entrar no Bosque de Iohana Hostel, o visitante depara-se com
uma recepção construída com tábuas de madeira de demolição, assim como os bancos, mesas, cadeiras, lixeiros, bordas de espelhos e prateleiras da cozinha. As camas são feitas com madeira de bambu. No segundo andar, as
paredes são de adobe, tipo de argila, seca ou cozida ao sol, às vezes acrescida de palha ou capim para torná-la mais resistente. “As tintas são de terra, porque os compostos das tintas plásticas podem causar efeitos não previstos na saúde do ambiente e dos seres.

Além do bambu das camas, todas as elas foram pensadas: colchões com materiais renováveis, cobertores de material reciclado, travesseiros naturais. (…) utilizamos algumas técnicas de construção, como a argila expandida, reaproveitamento de materiais para piso e portas, sem contar os azulejos descartados pelas indústrias e lojas que viram lindos mosaicos de pura arte!”, explica ela.

“Saber de quem compramos e saber para onde vai nosso dinheiro também pode fazer muita diferença. Investindo nosso dinheiro em que acreditamos é um ótimo negócio para nós e para nosso mundo”

A iluminação é feita com lâmpadas de LED, mas os planos futuros são a instalação de serpentinas e placas solares.
Apesar de mais caras, as lâmpadas de LED produzem a mesma quantidade de luz que as lâmpadas comuns, utilizando menos energia. O telhado verde também foi pensado nos moldes da sustentabilidade. Além de proporcionar vida vegetal, melhora o isolamento térmicos do edifício, protegendo contra altas temperaturas no verão, e ajudando a manter a temperatura interna no inverno.

Permacultura no dia a dia Para Eduarda, as escolhas permaculturais podem ser vividas de modos mais simples. “Hoje algumas práticas que são super possíveis são a de ter um minhocário para processar os resíduos orgânicos de casa, escolher alimentos com menor proporção de (ou nenhuma) embalagem para diminuir seu impacto de lixo, preferir itens já utilizados do que novos, trocar de roupas com as amigas, presentear amigos com coisas feitas por você com materiais naturais. E o principal: não abusar da água e energia !” , diz ela. No dia-a-dia, ela procura usar cosméticos naturais, feitos de origem renovável, como óleos vegetais ou essências. É um processo de transição e reflexão: “sempre que preciso comprar algo, não compro por impulso. Pesquiso antes e tento encontrar o que menos impacta a terra. Essa escolha passa por mão-de-obra, processos menos energéticos, com menor pegada de carbono e especificações de materiais que mais sejam compatíveis com a não agressão de todos”, explica Eduarda.

Fábio também dá dicas de como aplicar esses princípios: “Reciclar o lixo, ter a preocupação que nada que se joga fora vai para fora, (…) plantar seu alimento ou parte dele. É super fácil e também agrega muito, não só pelo alimento, mas também no seu bem-estar. Outras atitudes são a captação de águas da chuva, o uso da água de máquina de roupa para lavar calçadas e áreas externas, a criação de compoteiras ou minhocários também ajuda muito o meio ambiente”. Esse último, também citado por Eduarda, possibilita a reciclagem de alimento, tornando-o terra adubada. Fábio também acredita na compra consciente como um grande aliado da sustentabilidade.

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