Por: Saulo Schmaedecke
Um evento cultural que deixou esse domingo (30) ainda melhor começou por volta das dez da manhã na Praça Vila Santana – a paisagem que o microfestival Do Ritmo à Poesia (DRAP) produziu na CIC é a que podemos chamar de clima ideal: sol, sombra das árvores, música de qualidade ao vivo, cachorros e crianças brincando, pessoas em paz.
O rapper e produtor musical Thiago Tocha (já falamos dele aqui, lembra?) idealizou em fevereiro desse ano o projeto depois de uma conversa que o artista visual Paulo Auma teve com artistas locais. Tocha conta que é o primeiro evento nesse sentido que acontece na região da praça em 30 anos. O DRAP aconteceu por meio de edital da Fundação Cultural de Curitiba e recebeu apoio e incentivo de várias marcas e entidades, mas que tudo só estava realmente acontecendo porque o vizinho Tio Negão puxou alguns cabos da própria casa para garantir a energia elétrica do evento.
As razões para existir um evento como o Do Ritmo à Poesia são fortes. De acordo com a defesa do projeto, o DRAP “tem o intuito de ser mais um degrau na consolidação do Hip Hop na Cidade Industrial de Curitiba”. Dessa forma, concebe uma ferramenta social importantíssima para a cultura: “a ideia é unir música e poesia em um mesmo evento, intercalando as apresentações umas com as outras, fazendo com que exista interação entre público e artistas”.
A tarde foi marcada por um tempo suave e muita gente amistosa reunida em volta das caixas de som. O DJ Pedro organiza a trilha entre as apresentações dos outros músicos e anima a plateia com seus scratchs (riscos) no toca-discos; o MC Lobi vem e descarrega rimas preciosas para uma plateia completamente conectada em seu show potente, incluindo um senhor que passa por ali e fica impressionado com a realidade das frases que ouvia: “e eu que só gostava de sertanejo!?”. Pois é.
O músico Rogersince apresenta as melhores do Raul Seixas e dos Engenheiros do Hawaii e comenta sobre tocar em um ambiente aberto e público: “dá uma sensação muito legal, é como se a tua voz estivesse livre para o mundo todo ouvir. A gente se sente uma grande personalidade fazendo isso”. Ainda durante a tarde teve recital de poesias inspiradas na cultura Slam, um movimento iniciado em Chicago dos anos 1980 e que basicamente entende que a poesia deve “ser escrita para ser dita”. As apresentações continuaram com o experiente rapper Nairobi, uma referência importante para o rap curitibano e mais adiante com o jovem Matheus Lima, que apresentou suas letras e melodias no violão: ele tem 17 anos, já gravou duas músicas e agradece muito a oportunidade de poder mostrar o trabalho.
Reuniões como essa que o DRAP promoveu entre nós ajudam na manutenção da paz e na criação de uma cidade mais justa e digna. Habitar as ruas e praças melhora a segurança pública. O clima familiar projetado nas ruas dá a sensação de comunidade, afeto e boa vizinhança e isso é revolucionário. O respeito ajuda na construção de uma cidade melhor para todas as pessoas. E agora nessa mesma cidade existe um evento que amplifica o som da CIC para o mundo todo.
Vida longa ao Do Ritmo à Poesia!
Mais informações:
DRAP – https://www.facebook.com/doritmoapoesia/
Apoiadores:
Dom Capone Pizza Rock
Dhumofu Brasil
MJ Beats
DJ Pedro
MC Lobi
Nairobi
Matheus Lima
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