O AUMA DAS RUAS

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Por Saulo Schmaedecke, jornalista e fotógrafo

Paulo Auma é um artista visual que recebe em casa a reportagem do Jornal da CIC às 16h de uma terça-feira. Enquanto a água ferve para o café conversamos sobre os caminhos da cultura no Brasil em 2017, discutimos a importância da arte urbana e quais as últimas preferências recreativas de Frederico, o alegre cão que insiste em agitar esta entrevista.

Há 37 anos na CIC, tem o graffiti como um estilo de vida. Resgata memórias de quando tinha quatro anos e desenhava o boneco da vacina, o equivalente ao Zé Gotinha de hoje. Aos oito passou a ilustrar o Pato Donald nos cadernos do colégio: “a criançada ficava em volta, queria fazer amizade. Isso era legal, um pouco [de começar a desenhar] foi por causa disso. Tentar se esconder e ao mesmo tempo de se mostrar”.

“É o que dizem: algumas crianças param de desenhar – as que não param, se tornam artistas”

O primeiro emprego de Auma foi numa rede de lojas no setor de cartazes. Sua função era criar imagens comerciais dentro do processo industrial. Pintava painéis grandes que lhe renderam a noção de proporção. Quando trabalhava nessa empresa, estudou para o vestibular e passou. Professor formado pela Faculdade de Artes do Paraná, a FAP, Paulo deu aula de desenho e pintura. Hoje faz parte do Circo Ótico – coletivo de artistas visuais locais inspirados pela Op Art, movimento artístico que explora as ilusões de ótica.

As influências para o trabalho de Auma estão na art nouveau, em artistas como Alfons Mucha e Gustav Klimt, assim como nos contemporâneos Jean Giraud, o “Moebius” e também James Jean (@JamesJeanArt).

Colírio urbano / “A rua é tua também”
As artes de Auma estão por todos os lados, é só prestar atenção. Em Curitiba tem Auma logo ao lado do terminal da CIC: o escadão foi pintado no final do ano com a ajuda dos moradores da região. Com o acesso à informação, ele alerta para o fato de que as pessoas estão descobrindo agora a possibilidade de fazer algo para fora do portão da casa.
Auma também está nas calça das do Dom Capone, no Colégio Professora Dirce, na Igreja da
Vila, dentro do prédio da Administração Regional da CIC e na escada do Colégio Alcyone. No Largo da Ordem. Em Londrina. Em Porto Alegre. Auma está em São Paulo, Auma está no Itaquera, na Vila Madalena.

Ivana Angélica, Adriano Bhora, o “Japem” e Claudemir Franco são alguns dos artistas que ajudaram Auma a colorir muros em Coyoacan, no México, na Palestina e em outras cidades do mundo.
Comento sobre um painel do Colégio Estadual Eurides Brandão e Paulo dá uma aula sobre uma obra que ilustra trabalhadores da vila sentados e comendo enquanto a vila atrás está sendo construída: “essa vila que nós moramo tem mais de 100 anos de história!”, exclama entre as xícaras.

Paulo aposta que a CIC vai ser a capital da cultura de Curitiba até 2020 (e a gente também)
Como o próprio diz, “uso a pintura para resolver um problema, tornar concreta uma ideia que penso”. O artista reflete nas obras sobre a vida humana em sociedade com a natureza, confronta a ideia de fronteiras e desacredita no conceito de barreiras geográficas. Para Paulo, o planeta Terra ainda é apenas um.

 

O Fantástico Circo Ótico
Um pequeno espaço cultural destinado à produção e fruição artística, por meio de oficinas, experiências visuais e mini apresentações. Essas atividades apresentam técnicas de criação e construção de objetos que remetem à pré-história do Cinema, pesquisas científicas recentes que investigam efeitos óticos, como as de Akiyoshi Kitaoka, os
princípios da OpArt e alguns de seus artistas representantes como Victor Vasarely, Mauritius Cornelius Escher e os brasileiros Abraham Palatinik e Luiz Sacilotto

O Street of Styles
é o encontro Internacional de Graffiti em Curitiba que reúne artistas de todo o Brasil e outros países desde 2012. É o momento em que a cidade ocupa o calendário e o espaço público com arte, além de campeonatos de dança de rua e skate

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